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38 - Quando bons ventos sopram

Foto do escritor: Suelen WeissSuelen Weiss

24/06/2010 - 274 dias, 41 dias de UTI


Os últimos dias foram envoltos de tranquilidade e melhoras no estado de saúde do bebê.


No dia 11/06 ele começou a ter febre baixa, pelo menos uma vez por dia. Voltaram com os antibióticos e antifúngico. Foram feitos todos os exames possíveis para identificar o foco da infecção.


Só encontraram um fungo na urina. Teve muito chorinho e incômodo até o dia 20, quando trocaram de antifúngico. Funcionou como feitiço vindo diretamente da vara de condão de fada madrinha. A febre cessou, a dor desapareceu. Ele está repleto de tranquilidade novamente, de curiosidade pelas ações das enfermeiras e pelas conversas dos adultos, de energia para agitar seus brinquedos.


O Theo passa as manhãs fazendo hemodiálise no quarto, a tarde recebe as medicações e nutrição pela veia ao longo do dia e noite.


Os apitos do monitor de sinais vitais não assustam mais. Quase sempre é porque o Theo arrancou algum dos sensores puxando com a pontinha dos dedos ou esfregando a sola dos pés até deslocar o oxímetro.


Para evitar que tirasse o oxímetro deixamos com meias. Aí ontem aprendeu a tirar a meia.

Está reaprendendo também a ficar sentado (melhor que antes), reaprendendo a ficar de bruços, num desenvolvimento que volta a instigar.

Confesso que tenho muita inveja dos outros bebês que tem a idade do Theo, ou até mais novos, quando vejo o seu desenvolvimento e percebo o mínimo atraso de coordenação motora, força e equilíbrio do Theo. Quero mais do que nunca estimulá-lo ao máximo para tirar o tempo perdido. Só que, provavelmente, isso seja meio cruel e fruto só da minha ansiedade. Ele não tem a mesma situação física/clínica das outras crianças e isso não é algo que possa ser desconsiderado.


Fazer com que seu desenvolvimento se equipare aos demais bebês faria mais diferença para mim do que para ele. Para ele, provavelmente, o mais confortável seja seguir a própria curva, à medida que for ficando mais forte e estiver bem disposto para novas descobertas.


Provavelmente seu grupo de amiguinhos serão como o Lorenzo, Raul, a Amanda… cada um em seu ritmo, aprendendo precocemente que cada um tem seu ritmo natural.



Sei que são “provavelmentes” demais, é que minha bola de cristal está falhando um pouco.


E assim, com o passar de tantos dias, bons ventos trazem novas possibilidades e desafios: amanhã vamos descer para a sala de hemodiálise comum.


Conheceremos outras crianças em situação semelhante a do Theo, conheceremos outros pais que passaram por tantas coisas que passamos e ainda passaremos.


Iniciaremos aquela que deve ser a nossa rotina dos próximos dois ou três anos.


O melhor de tudo é que, se tudo correr bem nessa sessão, ele deve ser liberado da UTI e ser transferido para a internação comum (andar) onde continuará a tomar o antifúngico e será avaliado para a colocação do botton na gastrostomia. Tenho um receio imenso de criar expectativas que possam ser frustradas.


Cheguei no quarto da UTI às 10 da noite. Recolhi a decoração improvisada de "mesversário", certificado de bravura, brinquedos que estavam sobrando, chupetas… botei tudo na mala que já estava ficando esquecida no armário, na esperança de sair logo daqui.


Me dei um tempo também para absorver e memorizar bem este lugar onde o Theo renasceu, sob o cuidado de tantas mãos carinhosas. Sou muito grata a cada um que cuidou dele aqui, são responsáveis toda esta melhora.

Feliz nove meses meu filho! Ergue a vela desse barco porque a tempestade finalmente passou e o vento está soprando a nosso favor.



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©2020 por Theo e Familia Weiss Chaussard.

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